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Construção de Veículos em Miniatura

 

Conceito por Trás da Construção

Para o filme Guerra nas Estrelas, as miniaturas da aliança rebelde tinham que ter aparência de gastas, com buracos, manchas, sinais de tiros de laser e arranhões, já que as naves precisavam ser realistas e ter personalidade, como um cowboy, com uma cicatriz na cara. Elas deviam ser como icebergs, com apenas uma pequena parte mostrando mas dando a impressão que existe uma longa história por trás e que não podemos ver em um curto período do filme. Da mesma forma, os caça Tie deviam lembrar um bando de abelhas ou pernilongos. A Estrela da Morte em construção devia parecer uma obra faraônica e representar um tipo de estrutura arquitetônica como os grandes conglomerados industriais onde as buracracias governamentais são frias e calculistas. Os modelos não devem somente serem detalhados, o seu visual deve implicitamente contar uma história. Em Guerra nas Estrelas, os X-Wings tinham aparência gasta de muitas lutas espaciais, e também porque rebeldes contra um império não teriam condições financeiras de comprar naves muito novas. Já as do império, tinham o aspecto mais limpo e novo.

 

Princípios de Construção

As miniaturas usadas nos filmes tem que ter mais que aparência. É preciso ter considerações práticas. Assim, as miniaturas do cinema podem ter:

 

  • Resistência - Num filme elas serão usadas diariamente, submetidas a luzes quentes, algumas vezes manuseadas por mãos desastrosas e submetidas a colisões com câmeras com controle de movimento. Por isso tem que ser resistentes, mais resistentes que os modelos de museus e aqueles feitos por hobbystas e aeromodelistas. Assim, a sua resistência deve começar pelo seu interior: devem possuir uma estrutura metálica interna que é feita para manter a integridade e a forma dos modelos e fornecer suporte quando forem colocadas em suporte para serem filmadas.

 

  • Encaixes para suportes de sustenção - Durante a filmagem, uma miniatura precisa ser suportada por um suporte especial. Quando filmada de frente, o suporte deve estar atrás. Se filmado de trás, o suporte deve estar na frente. E assim por diante. São coisas que os hobbystas e aeromodelistas não precisam lidar mas que são necessárias para as miniaturas do cinema. Na carapaça exterior tem que ter portas removíveis para fixar os suportes, pelo menos 4. Algumas vezes, os suporte tem que ser especiais: tem que combinar com o respectivo fundo (preto, azul ou verde), algumas vezes tem que ter motores controlados por computador para movimentar a nave (incliná-la para os lados, embica-la para cima ou para baixo, etc.) mas sem tirá-la do lugar, permitindo com que seja filmada enquanto faz estes movimentos.

 

  • Dispositivos internos - Além disso, elas podem abrigar componentes eletrônicos e por esse motivo tem que ser ocas. Elas podem conter luzes, motores para movimentar os flaps, portas, cabeças de pilotos em miniatura, etc.

 

  • Refrigeração interna - Um outro fato interessante é que as miniaturas tem que ter um sistema circulante de ar, pois do contrário derreteriam sob o calor de suas luzes e motores e sob as luzes fortes do set de filmagem. Apesar de muitas miniaturas pesarem algumas gramas (como na figura abaixo) e não terem nenhuma luz ou parte mecânica muitas são complicadas, pesando dezenas de quilos e precisam de uma equipe de pessoas para transportá-las.

     

     

     

     

     

     

     

     

     

  • Equipamentos eletrônicos de controle - Quando um modelo vai ser filmado, ele pode precisar de equipamento eletrônico de controle de suas funções internas controladas por computador, além de suprimento próprio de energia para movimentar os motores e acionar as luzes. As miniaturas podem variar de centímetros e gramas a metros e dezenas de quilos. Muitas requerem motores internos, luzes, sistema de ventilação para evitar o derretimento devido aos aparelhos eletrônicos internos e as luzes do set de filmagem.

 

  • Fonte de energia própria - Normalmente as miniaturas tem que ter baterias próprias porque podem ser transportadas para locais que não tem energia elétrica. Além disso podem ter muitos fios por dentro que concentram as luzes e motores de refrigeração ou de acionamento de partes móveis. Além disso, precisam ter painéis móveis ou retiráveis para ter acesso a trechos da fiação elétrica, para os casos de conserto.

 

Outro aspecto importante de sua construção é o planejamento. Pode-se optar por fazer desenhos do projeto (plantas de construção) no tamanho que será construída a miniatura para que esta planta sirva também de molde.

Materiais

 

Como em qualquer área dos efeitos especiais do cinema, não existe uma regra em se usar esse ou outro material. O que existe é que uns materiais geralmente dão mais certo para um determinado caso mas para outro podem não dar. De forma geral, a escolha do material para se construir uma miniatura pode depender dos seguintes fatores:

 

  • Da finalidade da miniatura na cena - Se você vai construir uma miniatura de veículo que é de metal e que precise ser amassada, como por exemplo, um carro num acidente de trânsito, é interessante que você use chapas finas de alumínio para construir sua miniatura e assim ela possa ser amassada mais facilmente. Se você vai construir um veículo que precise ser explodido com cargas explosivas, é interessante que você construa a sua miniatura com fibra de vidro, plástico ou madeira e que ela seja oca.

 

  • Da escala da miniatura - Miniaturas maiores podem precisar de materiais mais resistentes. Assim, se a sua miniatura de espaçonave tem 4 metros de comprimento, ela precisa ter uma estrutura interna metálica e plásticos resistentes ou mesmo fibra de vidro. Ou ainda, se você precisa ter miniaturas de veículos com boa resistência, a fibra de vidro é uma boa opção.

 

  • Depende da técnica de construção - Dependendo da técnica que você escolher, o material para se construir uma miniatura poderá variar. Se você deseja construir uma miniatura entalhando-a (esculpindo-a), você provavelmente não poderá usar um bloco de metal. Um bloco de isopor ou madeira talvez funcione melhor.

 

Técnicas Básicas

 

Existem diversos métodos ou técnicas de construção de miniaturas. Abaixo veremos 3 destas técnicas e que são bastantes comuns. Estas técnicas permitem criar diretamente as miniaturas, podendo, também, após a execução, servirem como modelo-mestre ou matriz a partir do qual um molde é feito e que servirá de fôrma para criar modelos de plástico formatado a vácuo ou em fibra de vidro.

 

  • Técnica do Sanduíche (ou da Espinha Dorsal) - esta técnica é muito usada para se construir naves, navios e submarinos, principalmente se são grandes e têm comprimento maior que a largura. Nesta técnica, usa-se um eixo central para dar mais resistência, geralmente um eixo metálico. Encaixadas neste eixo, estão duas ou mais placas (de madeira compensada, plástico, acrílico ou metal), como se fossem secções transversais. O acrílico é muito usado devido a sua resistência. Sobre estas placas transversais são aplicadas chapas de madeira, plástico, acrílico ou metal para tampar as espaços entre estas placas transversais. Este método é chamado de Sanduíche porque as placas transversais estão dispostas assim como num sanduíche estão o pão, o queijo, o presunto, etc, ou seja, uma atrás do outra. O outro nome para esta técnica, Espinha Dorsal, foi dado porque se você observar bem, a estrutura fica parecendo uma espinha dorsal com as várias costelas fixadas.

 

Nas figuras abaixo, você pode ver que este método foi usado pela ILM para criar o Destróier Imperial do filmeGuerra nas Estrelas.

 

Na primeira foto é possível ver as secções transversais feitas de madeira compensada e fixas em um eixo, em parte de madeira compensada e em parte um cilindro oco de alumínio. Veja que o cilindro oco de alumínio está fixado na traseira da miniatura e tem 2 funções: a de espinha dorsal sustentando a nave e também para sustentar o modelo quando fosse pendurado durante as filmagens. Note que as secções transversais tem buracos redondos neles, que foram feitos para diminuir um pouco o peso da estrutura. Observe que as secções transversais definem a forma externa da miniatura. Veja também que ao lado está uma maquete do Destróier.

Na segunda foto, pode-se ver que o modelador está tirando o molde do tamanho que serão as chapas externas.

Na terceira foto, pode-se ver as chapas externas já colocadas. Estas chapas externas são folhas de alumínio de 0,3 mm de espessura.Veja que o modelador Steve Gawley está colando pedaços de plástico estireno (de cor branca na foto) sobre a superfície de alumínio.

Na quarta foto pode-se notar que a miniatura já está quase pronta e Steve Gawley está adicionando os detalhes na fuselagem.

Nesta foto, a miniatura já está pronta. As turbinas forma feitas de aluminio torneadas e tinham uma potente e fina lâmpada de halogênio para simular a exaustão desta turbina.

Técnica do Sanduíche (ou da Espinha Dorsal)

 

Na seqüência de fotos abaixo, você pode ver a montagem da nave Galactica do seriado de televisãoBattlestar Galactica. A miniatura mede 193 cm de comprimento, 78 cm de largura, 29 cm de altura. A estrutura metálica de sustentação são tubos cilíndricos soldados, que serviam também como suporte para controle de movimento (com locais de fixação na frente, cima, baixo e a direita). As secções transversais são feitas de madeira compensada e inseridas nesta estrutura metálica.

Na foto abaixo você pode ver a estrutura central constituída de tubos metálicos soldados e encaixados neles, placas de madeira compensada que são as secções transversais.

Na foto abaixo você já pode notar as secções transversais de madeira já sendo inseridas no tubo metálico. Perceba ao lado os planos de construção em tamanho natural.

Sobre estas secções transversais de madeira, foram coladas chapas de acrílico transparente (conhecido nos EUA como Plexiglass). Essas chapas acompanharão os contornos definidos pelas placas transversais de madeira compensada, preenchendo os espaços entre elas.

Nas duas fotos seguintes, note que as diversas partes estão sendo encaixadas no tubo metálico.

Na foto seguinte veja a montagem da lateral da nave. Segue o mesmo esquema: secções transversais de madeira com placas de acrílico transparente.

Na próxima foto, você pode notar as placas de acrílico transparente já montadas. Observe que algumas destas secções transversais tem buracos circulares para diminuir o peso.

Como já foi dito anteriormente, esta técnica também é muito usada para se construir navios. As duas figuras abaixo mostram seu uso em dois filmes. A primeira mostra os modeladores da ILM na construção de um navio para o filmeGoonies. Note as secções transversais de madeira e o eixo metálico que sustenta tudo.

Na foto seguinte, os modeladores da Digital Domain estão na construção do famoso navio do filme Titanic. Veja que as secções transversais foram feitas de madeira compensada.

No filme Supernova, quando o filme se inicia, a câmera move-se do interior da nave Nightingale para uma visão da nave no espaço, efeito conseguido com uma miniatura de escala 1:24 com 6,3 metros, um modelo cujo tamanho poderia ser movimentado no set de controle de movimento. Um modelo maior não permitiria obter algumas das imagens desejadas, mas um modelo menor não daria credibilidade ao filme. O eixo central da nave era um tubo de 12,7 cm de diâmetro, rodeado pela área da cauda e motores, caracterizada por várias estruturas de alumínio. A maioria dos componentes da Nightingale foi feita no software AutoCAD, depois as peças foram cortadas e foram testadas para ver se tudo se encaixava. As peças do modelo foram cortadas tanto por água (um processo em que se usa água em alta-pressão para cortar metal) como a laser, a qual foi usado para cortar plásticos e madeira. "Moldes específicos de plexiglass foram cortadas a laser e então cobertos e detalhados com espuma de uretano, uma espuma densa de uretano feita pela VJB. É muito legal de se trabalhar com ela. Pode-se triturá-la, usá-las em tornos, entalhar e lixá-la, da mesma forma como na madeira, mas muito melhor". Destes moldes, peças de modelos foram colocadas em cima, feitas de epoxi, fibra de vidro ou uretano. Os painéis solares foram feitos de gravação em bronze e a frente a cabeça da frente foi uma combinação de plástico cortado a laser, plástico formatado a vácuo e outros materiais leves. A nave teria que ser o mais leve possível, para permitir ser manobrada. Mesmo assim, pesava cerca de 295 Kg, o que era bastante peso para ser montado em um suporte. Na primeira foto você pode ver a estrutura interna de alumínio e na foto à direita, a linha vermelha corresponde à estrutura interna já montada.

  • Técnica do Encaixotado - nesta técnica, pode-se usar também um suporte metálico de sustentação. Mas a diferença maior é que as placas (de plástico, acrílico ou madeira) são colocadas já para formar a superfície externa da miniatura. Ou seja, não são criadas secções transversais. Assim, as placas são dispostas para formarem caixas ocas. É claro que esta técnica é melhor para os modelos que não tem muitas partes curvas ou arredondadas e sim para as mais planas.

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Nas figuras abaixo, pode-se ver a construção da nave Narcisus para o filme Alien - O Oitavo Passageiro. Na primeira foto, pode-se observar um eixo metálico e quadrado sustentando a estrutura da miniatura. É na verdade uma barra de aço conhecida aqui no Brasil como metalon e comumente usada por serralheiros. Veja também que acima desta barra existe um uma parte cinza que ajuda a dar resistência e também para permitir colocar as chapas da fuselagem. Estas chapas são de plexiglass (acrílico) e são colocadas fixas nesta parte cinza e na barra metálica. Na segunda foto, pode-se notar alguns outros detalhes como as turbinas.

Na terceira foto, pode-se notar mais novos detalhes sobre a fuselagem da miniatura. Note que, nesta técnica a miniatura fica parecendo realmente uma caixa oca. Na quarta foto, veja a miniatura já com todos os detalhes na fuselagem.

Para alguns episódios de Jornada nas Estrelas A Nova Geração - Deep Space Nine, foi preciso construir a miniatura da estação espacial Deep Space Nine. O modelador escolhido foi Tonny Meninger. Primeiro os modeladores constróem uma estrutura feita de tubos quadrados ocos de aço (tubos de metalon). Depois constróem peças de madeira (compesado e duratex), plástico estireno e plexiglass (acrílico transparente) que serão encaixadas sobre estas estrutura para formar a superfície externa. Estas peças serviram apenas para serem tiradas moldes de silicone delas. Estes moldes são usados para se criar duplicatas destas peças em epóxi, material que foi escolhido pela resistência, durabilidade, leveza e facilidade de ser moldada na forma líquida. No final, foram mais de 2.000 peças ocas e em forma de casca feitas epóxi. Elas foram moldadas em peças ocas e em casca de epóxi para permitir passar a fiação elétrica das luzes. Depois estas peças são lixadas e retocadas manualmente. Em seguida, cada parte oca do modelo é pintada separadamente. Depois estas peças ocas e cascas de epóxi são encaixadas na estrutura de metal e assim formar a estação espacial. Apesar da estrutura de metal e das 2.000 peças ocas, a estação espacial é resistente mas surpreendentemente leve devido aos tubos metálicos ocos e a superfície em forma de casca, todo o modelo pesou apenas 45 Kg.

  • Técnica do Entalhe - nesta técnica, grande parte da fuselagem da nave é feita entalhando um material (madeira, isopor, espuma de uretano, etc). É um método muito usado quando se vai construir miniaturas pequenas e que seriam difíceis de usar as técnicas do Sanduíche ou do Encaixotado. No entanto, isto não impede que a técnica do Entalhe também possa ser usada para miniaturas de grande tamanho.

 

Nas figuras abaixo, pode-se notar que este método foi usado pela ILM para a construção da nave X-Wing. Na primeira foto, veja as partes entalhadas e na segunda pode-se ver as cópias em plástico que foram tiradas a partir de moldes das peças entalhadas.

Na terceira foto veja a miniatura montada mas ainda sem receber a pintura.

Na foto seguinte, veja partes de uma miniatura do seriado Battlestar Galactica. Correspondem à secção do motor de propulsão. O artista de efeitos está trabalhando sobre uma peça branca feita a partir da técnica de formatação a vácuo. Observe à esquerda os padrões ou mestres de madeira usados para se criar a peça. A peça branca foi feita com a técnica de formatação a vácuo a partir de uma chapa de plástico estireno.

Na figura abaixo, você está vendo um modelador da Digital Domain entalhando uma miniatura do filmeSupernova. Tanto a parte cinza como a amarela são espuma de uretano, que é um excelente material para entalhe. Trata-se de um tipo de espuma plástica parecida com o isopor só que não tem aqueles floquinhos ou bolinhas que compõem o isopor. A espuma de uretano é vendida é em diversas densidades, desde as mais duras até as mais leves, dependendo que é preciso para entalhar. E ela é justamente mais indicada para entalhar. Pode-se triturá-la, usá-las em tornos, entalhar e lixá-la, da mesma forma como na madeira, mas muito melhor pois não possui as fibras que compõem a madeira.

Na foto seguinte, também do filme Supernova, pode-se notar que o corpo na miniatura da nave Nigthingale foi feito de plástico estireno (partes brancas) e a cabeça da nave foi feita entalhando espuma de uretano (parte amarela).

Nas fotos seguintes pode-se ver que este método também foi utilizado para se criar miniaturas de grande tamanho para o filme Guerra nas Estrelas - A Ameaça Fantasma. Na primeira foto pode-se notar os escultores trabalhando em blocos de isopor para criar as formas do tanque.

Na segunda foto, veja que foi tirada uma cópia do tanque de isopor e feita possivelmente em fibra de vidro. Note que que ele está prestes a receber a pintura.

Já na terceira foto, podemos ver o tanque já devidamente pintado.

Na foto abaixo você pode ver uma miniatura de nave para a série Jornada nas Estrelas e que foi construída usando-se a técnica do entalhe.

Um outro material também usado como entalhe é a madeira, geralmente madeiras semelhantes ao pinho (ou pinus) que é a madeira do pinheiro. No exterior uma madeira muito usada e que se parece com o pinho é a jelutong. Observe nas figuras abaixo uma nave feita pelo modelador Martin Bower.

Para o filme Independence Day, as cenas das naves alienígenas voando foram obtidas usando 2 técnicas. Para as cenas em a nave é vista de longe ou é vista em conjunto com o seu esquadrão, foi usada a computação gráfica, ou seja, naves geradas por computador. Já para as cenas em que a nave alienígena era vista mais de perto, foram usadas miniaturas cujos movimentos foram conseguidos por controle de movimento. As miniaturas de naves alienígenas tinham 60 cm e envergadura, foram construídas com fibra de vidro e tinham o para-brisa feito de Lexan, um vidro a prova de balas.

 

Para o filme Starship Troopers foram usadas miniaturas para constituir a esquadra espacial. Para isso a Sony Pictures Imageworks construiu miniaturas desde 15 cm até a nave-mãe Roger Young de 54 metros. Todas elas foram filmadas contra um fundo azul usando a técnica de controle de movimento.

 

Uma das cenas finais do filme Heróis Fora de Órbita mostra a nave com a tripulação aterrisando e invadindo um salão onde estava sendo realizada uma convenção de Ficção Científica. Para isso a equipe da ILM, sob a supervisão de Bill George, usou miniaturas da nave e do salão na escala 1:5.

 

Algumas das cenas mais impressionantes do filme Supernova são aquelas em que aparecessem a nave Nighttingale. Grande parte destas cenas foi obtida usando-se uma miniatura desta nave, enquanto que em outras a nave foi gerada em computação gráfica. Sob a supervisão de Mark Stetson da Digital Domain, uma equipe de 25 pessoas passou 8 semanas construíndo uma miniatura da nave com 6 metros de comprimento, feita de aço, acrílico e plástico. O aço foi para a estrutura que suportaria a nave.

 

Na série da década de 60, SuperMarionation, de Gerry Anderson, as naves e outros veículos eram geralmente feitos a partir de madeira balsa. Em alguns casos eles faziam de madeira balsa para depois tirar moldes em gesso ou de borracha para se criar cópias em fibra de vidro ou resina de poliéster. Eram pintados com tintas automotivas e passavam verniz de celulose usado para se pintar carros. Letras e números eram de adesivos Lettraset. A maioria deles era envelhecida para dar mais realismo. Certos painéis eram pintados com tons mais claros ou mais escuros para parecer que foram retocados. Tinta preta em spray era usada em áreas deque seriam de exaustão (turbinas).

Para o filme Always, os aviões A-26 tinham fuselagem de isopor revestido com fibra de vidro e asas feitas de madeira.

 

A nave original da série Jornada nas Estrelas, tinha 3,63 metros de comprimento, O disco era feito de plástico formatado a vácuo e mantido fixo com reforços de madeira, tendo 1,5 metros de diâmetro e 7,62 cm na parte mais externa. A maioria da estrutura era feita de madeira (tipo pinho ou pinus). Foi pintada com lacas não brilhantes para não interferir no processo de filmagem (Tela Azul). A nave pesava cerca de 990 Kg e custou cerca de 3.000 dólares para ser feita e outros 3.000 dólares para se montar as luzes internas.

 

Para o filme Duro de Matar 2, foram feitos aviões em miniatura de F-4 Phantom. Eles eram construídos de fibra de vidro e alumínio e com asas de interior de madeira. Tinham fiação interna para as luzes e que eram controladas por controle remoto, assim como para o trem de aterrissagem.

 

Para o filme Alive que fala da história de um acidente de avião nos Andes, a ILM usou miniaturas do avião e da montanha com que se colidiria. Para isso, eles construiram uma miniatura de avião de 2,4 metros de comprimento. Como o avião deveria se chocar com a montanha e se partir no meio, perdendo também uma das asas, os modeladores construiram esta miniatura com a parte de frente e de trás bastante reforçadas e no meio da fuselagem seria enfraquecido para se quebrar facilmente. Essa parte enfraquecida seria de plástico fino, folhas de alumínio comum e arames finos de forma que ao se chocar, se rasgaria e daria o aspecto de metal rasgado e retorcido.

 

Nos casos de aviões com muitas pequenas janelas transparentes, como em miniaturas de aviões de passageiros, os modeladores criam a fuselagem do avião em plástico transparente. Assim, ao pintar o avião, basta deixar os espaços das pequeninas janelas sem pintar, tamapando-os com fita adesiva. Muito mais fácil do que construir cada uma das janelas em separado com plástico transparente. Na foto abaixo você pode ver um exemplo de um avião Concorde em que foi usada essa técnica. Observe dentro da linha vermelha.

Para o filme de 007, Golden Eye, foi preciso construir alguns MiG-29. As miniaturas de 2,4 metros de comprimento por 1,75 metros de envergadura foram feitas de isopor coberto com fina chapa de madeira balsa. Em seguida, os modeladores tiraram molde deste modelo e fizeram cópias de fibra de vidro. Os aviões em miniaturas tinham 11 servomotores (pequenos motores usados em aeromodelismo) para acionar flaps, trem de aterrisagem e outros dispositivos. Após a pintura eles usaram verniz de laca de celulose.

 

 

Em uma das cenas iniciais do filme A Rede, um avião Cessna 172 perde o controle e colide contra altas chaminés. Como a maioria das colisões aéreas no cinema, esta cena foi obtida através de miniatura. A miniatura do avião foi cuidadosamente elaborada por Larry Jolly que já tinha feito um modelo em escala 1:1 do avião a jato Harrier no filme True Lies e miniaturas de helicóptero para o filme Risco Total. Para A Rede, Larry construiu um Cessna com detalhes precisos, 5 semanas antes das filmagens. Os aviões foram construídos na escala 1:4, essa escala relativamente grande ajuda a tornar o acidente de avião mais realista possível, mas ao mesmo tempo, pequeno o bastante para a equipe manusear e operar. A Larry Jolly Miniature Productions é um negócio de família com 3 gerações com diferentes habilidades. Eles construiram 2 Cessnas (1 era para reserva). Primeiramente eles tiraram fotos de referência de Cessnas de verdade. Eles construiram o avião em madeira e espuma de uretano. Em seguida eles tiram moldes de fibra de vidro e epóxi deste avião para fazer cópias do avião em fibra de vidro (eram moldes de 40 partes do avião). Em seguida pintaram com aerógrafo e passaram verniz de uretano para dar brilho. Para fazer o vidro do pára-brisa eles esculpiram em madeira esse pára-brisa e usaram o método de formatação a vácuo para fazê-lo de plástico transparente. Para permitir consertos rápidos, eles construíram o avião em partes separadas e encaixáveis, assim, se algo estragasse, basta retirar e colocar outro no lugar. Para ficar ainda mais realista, eles fizeram em espuma de látex (borracha) uma miniatura do piloto, sendo esculpido e pintado para parecer com o ator. O modelo pronto pesa 11 Kg e tem 3 metros de envergadura. O roteiro pede que uma das asas seja arrancada ao colidir com a chaminé. Para isso, eles cortam uma das asas, a prende novamente, mas de forma mais fraca. Isso facilitará se quebrar conforme o planejado. Papel alumínio é colocado na parte interna desta asa que quebrará, para dar a idéia de metal rasgado.

 

Para o filme Força Aérea Um, a empresa encarregada dos efeitos especiais, Boss Films, gastou 3 meses para construir 22 miniaturas de aviões. Para convencer o público de que estes objetos são reais, minipilotos que moviam a cabeça foram feitos para serem colocados nos cockpits. Observe no esquema animado abaixo, que o cilindro verde representa um motor que gira uma polia situada abaixo do minipiloto e que está ligada a um eixo giratório que move a sua cabeça.

No filme Risco Total, um helicóptero colide com um penhasco. Para fazer essa cena, o supervisor de efeitos especiais, Neil Krepela, decide realizá-la com miniaturas. A miniatura de helicóptero está na escala 1:6. Foram feitas 3 cópias do helicóptero em fibra de vidro.

 

Os carros, na maioria das vezes, são criados também usando-se a técnica do Entalhe. Para entalhar, geralmente os modeladores usam madeira, espuma de uretano e até massas de modelagem. O resultado do entalhe pode já ser o carro na sua forma final, mas também eles podem ser usados como matriz ou modelo-padrão a partir do qual serão tirados moldes para se criar cópias em plástico estireno (formatado a vácuo) ou fibra de vidro.

Nas duas figuras abaixo, pode-se notar uma miniatura de carro entalhada em madeira e à direita uma cópia em plástico feita a partir desta peça entalhada. Neste caso, a miniatura de madeira não foi usada diretamente para ser o carro na versão final, pois neste projeto, era interessante que ele abrigue no seu interior peças como o motor e os assentos.

O mesmo aconteceu quando a ILM criou a miniatura do carro DeLorean para o filme De Volta Para o Futuro. Como o carro precisava abrigar em seu interior várias peças e dispositivos (como as luzes e dispositivos que inclinavam as rodas), a miniatura não podia ser maciça, ou seja, ela tinha de ser oca. Assim, os modelistas daILM entalharam a miniatura do DeLorean e tiraram uma cópia da carroceria em plástico estireno. E para dar suporte de fixação para esta carroceria e para os dispositivos, eles criaram um tipo de chassi de metal.

A primeira foto abaixo mostra o chassi com os dispositivos internos do carro.

A foto seguinte mostra Steve Gawley com a miniatura pronta, com a carroceria já fixada no chassi.

Mas quando a miniatura não precisa abrigar nenhum dispositivo interno, pode-se usar a própria peça entalhada. Abaixo você um carro construído por Martin Bower e feito a partir de madeira jelutong (semelhante ao pinho), usando-se o método do entalhe. Assim, a miniatura será praticamente maciça, ou seja, não será oca.

Para a cena do filme Twister em que o tornado arremessa um caminhão-tanque e o deixa cair explodindo, foi utilizado um modelo em escala 1:1 do caminhão. O modelo foi construído porque seria muito difícile erguer um caminhão-tanque de verdade e então soltá-lo. O modelo é feito de borracha látex fina (para fazer os pneus), fibra de vidro (para a carroceria) e alumínio (para o enorme tanque de combústivel). No final o modelo pesava 1.130 Kg, apenas uma fração dos 27.000 Kg de um caminhão-tanque verdadeiro. Ele foi preenchido com explosivos, foi preso por um fio em um guindaste e depois solto para explodir quando colidir com o solo.

 

No filme Exterminador do Futuro, um caminhão-tanque explode em frente a um prédio, formando um enorme bola de fogo. Para conseguir essa cena foram usadas miniaturas. O fato de usar miniatura se deve ao perigo que a cena representava, já que o local escolhido para filmagem da cena era em frente a um depósito de armamentos da polícia e é claro que a produção não conseguiu autorização para explodir um caminhão de verdade. Assim, miniaturas foram uma opção mais direta. Para isso eram necessários a miniatura do prédio, da rua e do caminhão. O caminhão foi construído na escala 1:6 e tinha 2,5 metros de comprimento e 45 cm de altura. O caminhão-tanque foi feito de madeira balsa (a carroceria), estireno (o tanque) e borracha de látex (pneus). Estes materiais foram usados para os fragmentos não atingirem os operadores de câmera. Antes de receber as camadas definitivas de tinta, o caminhão-tanque foi pintado com uma tinta fundo cinza, conhecida como Primer. Para dar mais realismo, as câmeras rodaram a 120 quadros por segundo, assim, 1 segundo da cena filmada demorará 5 segundos para ser exibida na tela.

 

No filme Godzilla, em uma cena que demonstra a incrível força de Godzilla, ele esmaga um caminhão de entrega de peixes com sua poderosa mandíbula. Para isso, os modelistas fizeram um detalhado caminhão de chapas finas de alumínio na escala 1:6 e o encheram com a mini-carga (no caso eram mini-peixes falsos) e escombros soltos.

 

Em uma das cenas do filme 007 O Mundo Não É O Bastante, 007 dirige sua BMW de um campo de petróleo para uma floresta. Como o diretor queria que a BMW de James Bond fizesse uma transição dos campos de petróleo para a floresta em uma só tomada, a solução foi construir uma miniatura do cenário desejado na escala 1:8 e que une um campo de petróleo a uma área de floresta. Uma estrada empoeirada unia os dois mini-cenários. Como a BMW de Bond precisava ir do campo de petróleo para uma floresta foi preciso usar uma miniatura de BMW em escala 1:8. O mini-carro é daqueles elétricos usados em automodelismo controlado por controle remoto. Dentro do mini-carro tinha um boneco de James Bond. Para as pernas, braços e tronco do boneco, foi usado um esqueleto de arame revestido de borracha. Para cabeça, mãos e pés, foi usada fibra de vidro.

 

Para o filme Caçada ao Outubro Vermelho, eles usaram miniaturas para os submarinos. Elas foram construídas pelo modelador Greg Jein (veterano de Contatos Imediatos do Terceiro Grau), demorando 5 meses para construí-las. Ele se baseou em fotos e depoimentos de aposentados da marinha. Elas foram projetadas não para serem filmadas dentro d'água, e sim, para serem suspensos por cabos ou fios sob controle de movimento. Elas tinham hélices motorizadas e portas móveis. Estes submarinos não podiam pesar mais de 136 kilos. Foram feitos de plástico estireno e de fibra de vidro e pesavam cerca de 113 kilos, e tinham cerca de 7 metros de comprimento.

 

Para o filme 007 O Mundo Não É O Bastante, na cena final o vilão comanda um submarino nuclear para realizar seu plano maligno. Para essa cena, foi construída uma miniatura de submarino na escala 1:4. Eles construíram uma estrutura oca (esqueleto) do submarino em em madeira, cobriram com espuma rígida e detalharam com massa de esculpir, semelhante a uma massa plástica. Depois que o casco estava modelado, eles arranharam o seu exterior com um tipo de escovinha para parecer estar gasto pelo mar. Como o submarino deveria parecer emergindo e submergindo dentro de um canal em um cenário, eles também tiveram de construir um cenário em miniatura. Quando pronto, colocaram água no canal do cenário e posicionaram o submarino. Para fazê-lo emergir, eles usaram fios que puxavam o submarino. Bolhas foram adicionadas para dar mais realismo.

 

No filme Tentáculos, o navio de passageiros Argonáutica explode numa enorme bola de fogo. Para isso o supervisor de efeitos da DreamQuest, Mike Shea, optou por usar uma miniatura do navio em escala 1:100. Mas como a cena da explosão mostraria só um lado do navio, eles fizeram apenas uma fachada de navio (só um lado) de 30 metros, em frente a um tanque de água com 90 cm de profundidade, representando o oceano pacífico. Segundo Shea, "a miniatura do Argonáutica tinha que ser leve para que explodisse sem muitos explosivos", por isso eles a construíram com madeira compensada fina e plexiglass (acrílico comum).

 

No filme Força em Alerta 2, um trem de passageiros colide de frente com um trem de carga com 3 milhões de litros de gasolina. Sabendo-se dos riscos de segurança de um acidente desta magnitude, o supervisor de efeitos visuais, Richard Yurichi, decide realizar a cena com miniaturas. Para isso, contrata Robert Wilcox e Tad Krzanowski da WKR Productions. Eles construíram 66 vagões durante 3 meses. O vagão-tanque e os de passageiros foram feitos de alumínio para que se amassem com o impacto. As locomotivas são feitas de fibra de vidro para resistirem a uma colisão frontal e não serem totalmente destruídas e apareçam ter 30 toneladas. Para fazer com que os trens descarrilhem para fora da ponte, um canhão de ar joga um toco de madeira sob a locomotiva, erguendo-a por sobre a ponte. Para os vagões-tanque eles colocaram água dentro de bexigas no interior deles para simular o combustível saindo para fora. Assim, com a colisão as bexigas se rompem. Além disso, os artistas de efeitos especiais preenchem os vagões de passageiros com mini-malas para que sejam arremessados durante a colisão, acentuando o realismo.

 

No filme Fim dos Dias, em uma das cenas, um dos vagões de metrô explode num túnel de metrô em Nova Iorque. Para obter esta cena, o diretor Peter Hyams contou com a supervisão de efeitos visuais de Eric Durst. Foram construídas miniaturas do túnel e dos vagões de metrô. Eric contratou John Stirber da Stirber Visual Network para construir as miniaturas em escala 1:8. Stirber mediu vagões reais e tirou fotos como referência para a construção. A equipe de Stirber construiu 5 réplicas exatas dos vagões para serem destruídos. Estes vagões seriam movimentados a tração por fios nos 36 metros de trilhos do mini-cenário. Eles seriam filmados por uma câmera pequena em um carrinho que seguia atrás e atrelada ao vagão. Tanto a câmera como o trem eram puxados por um fio escondido sob os trilhos. Quando o roteiro exigia que os vagões fossem filmados de lado, eles retiravam uma das laterias do mini-túnel. Quando precisavam filmar de frente, voltava-se a parede lateral para o devido lugar.

 

 

Iluminação Interna de Veículos em Miniatura

 

Fontes de Luz

 

Existem vários tipos de fontes de luz usadas para iluminação interna de miniaturas de veículos. Abaixo, veremos os dois tipos mais usados nas miniaturas do cinema.

  • Lâmpadas Incandescentes - as lâmpadas incandescentes são lâmpadas em que a luz é produzida por um filamento aquecido, semelhante às luzes usadas em residências e em faróis de carros e motos. É por essa razão que, geralmente, a luz por elas produzida é de cor quente, ou seja, amarela ou alaranjada. Nas miniaturas do cinema elas também são usadas, tendo que ter para isso, tamanho adequado para serem colocadas dentro das miniaturas.

 

Abaixo você pode ver fotos que mostram lâmpadas incandescentes. A miniatura representada nestas fotos é do filme E.T. - O Extraterrestre. Neste caso elas foram usadas para produzirem a iluminação de janelas da nave em miniatura.

As lâmpadas incandescentes são também usadas nas miniaturas do cinema para simularem motores ou turbinas de naves. Para o filme Guerra nas Estrelas, o Destróier Imperial tinha turbinas que foram feitas de aluminio torneado, tendo uma potente e fina lâmpada halógena (possivelmente de flúor) em seu interior. Como estas lâmpadas produzem muito calor, os modeladores da ILM usaram tubos em que circulava gás freon (o mesmo sistema usado para gelar as geladeiras) para resfriar a miniatura para que ela não derreta com o calor das lâmpadas. Estes tubos passavam por dentro da miniatura, passavam pelo suporte de sustentação da miniatura indo direto para um sistema que bombeava este gás, circulando-o e refrigerando a miniatura.

Na foto abaixo, é possível até ver um pouco da lâmpada dentro de cada uma das três grandes turbinas.

Na foto abaixo você pode notar a parte do "motor de propulsão" da miniatura Galactica do seriado de televisãoBattlestar Galactica. Como "este motor" seria simulado com duas lâmpadas muito potentes, foram usados mini-ventildadores para refrigerar esta parte, muito semelhantes aos mini-ventildadores que estão na parte traseira do seu computador (conhecidos também como cooler). Note também um cano metálico que serve para fixar a miniatura para ser filmada (suporte de controle de movimento).

  • Lâmpadas Neon - as lâmpadas neon são aquelas usadas para criar luminosos de lojas, na forma de tubos finos. As lâmpadas neon produzem luz intensa sem produzir muito calor. Como são finas e podem ser moldadas em qualquer forma, elas podem ser colocadas em praticamente qualquer forma de miniatura, desde que tenha tamanho suficiente para abrigá-la, podendo iluminar uma grande área. Além disso, as lâmpadas neon podem ser construídas em diversas cores.

 

A foto abaixo mostra um modelador da ILM trabalhando num Destróier Imperial para o filme Guerra nas Estrelas. Veja que os tubos de neon (tubos brancos) foram moldados de acordo com a forma da miniatura.

As duas fotos abaixo, mostram o modelador da ILM, Steve Gawley, trabalhando numa miniatura da nave Excelsior para um dos filmes de Jornada nas Estrelas. Veja novamente que os tubos brancos são as lâmpadas neon. Note que eles foram moldados para se adequarem a forma da nave, iluminando uma grande área.

Revestimento Interno

 

Quando se ilumina uma miniatura colocando uma ou mais fontes de luz dentro, é importante que não haja grandes diferenças de intensidades de luz entre uma parte da miniatura e outra. Além disso, é importante aproveitar ao máximo toda a luz produzida evitando com que ocorra perda. Para isso, é importante que a luz seja refletida igualmente dentro do interior da miniatura. Para conseguir este efeito, os modeladores usam, basicamente, duas técnicas. Uma delas consiste em preencher o interior da miniatura colando vários pedaços de espelho. O espelho então refletirá praticamente toda a luz em todas as direções, aproveitando esta luz e distribuindo-a igualmente.

A foto abaixo mostra dois modeladores da ILM trabalhando na fiação elétrica da miniatura Millenium Falcon do filme Guerra nas Estrelas. Observe que grande parte do interior da miniatura tem pedaços de espelho colados nela.

Uma outra técnica consiste em pintar todo o interior da miniatura de cor branca e bem brilhante, proporcionando o mesmo efeito que o obtido pelo espelho.

 

Janelas de Naves

 

A iluminação interna é muito usada para iluminar as várias pequenas janelas de uma miniatura. O grande número de janelas dá uma idéia de grande escala para a miniatura. Existem várias maneira de criar este efeito, mas os melhores resultados são obtidos por basicamente duas técnicas:

 

  • Fibra Óptica - é um fio fino de fibra de vidro ou plástica transparente que permite a transmissão da luz. Isto é, se uma ponta do fio está próxima de uma lâmpada, a fibra óptica irá conduzir a luz até a outra ponta. A fibra óptica é muito usada para iluminar as pequeninas janelas de uma nave por exemplo. A fibra óptica foi usada para naves como X-Wing, Y-Wing e o Destróier Estelar Imperial, já que tinham muitas pouco espaço e precisariam de muitas lâmpadas. Assim, a solução foi usar fios de fibra óptica.

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As vantagens da fibra óptica são: 1) pode-se usar uma única fonte de luz; 2) pode-se iluminar locais muito pequenos onde seria muito difícil colocar lâmpadas; 3) a luz que chega ao final da ponta de uma fibra óptica é da mesma intensidade para todas as outras fibras ópticas ligadas na mesma lâmpada.

 

A figura abaixo mostra a estrutura metálica da nave Nightingale do filme Supernova. É possível observar vários fios de fibra óptica saindo da parte da frente da miniatura. A foto da direita mostra um detalhe da Estrela da Morte do filme Guerra nas Estrelas. Observe pequeninos pontos luminosos na superfície externa e alguns outros dentro da parte não construída da estação. Todos estes pontos luminosos foram feitos com fibra óptica.

Nas fotos abaixo você pode ver a montagem de fibras ópticas na miniatura Galactica do seriado de televisãoBattlestar Galactica. Note que os fios de fibras foram passados pelos pequenos buracos furados no casco na miniatura e ainda não foram cortados ou devidamente "aparados".

Na foto seguinte os fios estão um pouco mais "aparados" e foi ligada a luz para testar. Note as pontinhas iluminadas.

  • Transparência - Um outro recurso usado, além da fibra óptica, para se criar centenas de pequeninas janelas, seria construir a miniatura com material transparente, translúcido ou leitoso. Assim, basta pintar a miniatura com exceção das janelinhas. E depois iluminar por dentro.

 

As fotos abaixo mostram esta técnica usada na miniatura de Estação Espacial de um dos filmes de Jornada nas Estrelas. A primeira foto mostra a miniatura espacial transparente e com luz neon interna ligada. A outra foto mostra a montagem da parte inferior da estação espacial, dá até para notar o plástico transparente (acrílico) com o tubo de luz neon interna. A foto seguinte mostra a miniatura já pintada e o retângulo vermelho mostra um detalhe dela. Ao lado está a ampliação deste detalhe. Observe que a miniatura foi pintada deixando-se apenas pequenos quadradinhos sem pintar e que correspondem às janelas.

Para alguns episódios de Jornada nas Estrelas A Nova Geração - Deep Space Nine, foi preciso construir a miniatura da estação espacial Deep Space Nine. O modelador escolhido foi Tonny Meninger. A iluminação interna criada por Meninger deu mais realismo à miniatura, um efeito conseguido criando cerca de mil pequeninas janelas da superfície externa. Os modeladores chefiados porMeninger, criaram inúmeras peças ocas que foram fixas sobre uma estrutura metálica interna. Depois, eles pintaram o interior destas peças ocas de cor branco brilhante. A cor branca brilhante é para refletir o máximo de luz possível. Como fonte de iluminação interna, eles usaram um tubo circular de neon. Deste tubo de neon sairam mais de 1.000 feixes de fibra óptica para cada um dos buraquinhos que representam as pequeníssimas janelas da estação. A estação Deep Space Nine tinha controle para iluminação, ligando-as, desligando-as e regulando a intensidade do brilho.

Pintura de Veículos em Miniatura

 

Para a pintura de miniaturas do cinema, geralmente, são usadas tintas automotivas (as mesmas usadas para pintar carros), que são tintas solúveis em solventes orgânicos como o querosene.

Após a miniatura já estar pronta para pintar, ela é lixada até que toda a superfície fique uniforme. Em seguida, é aplicada uma tinta de fundo, conhecida como Primer. O Primer é uma tinta de fundo de cor cinza e serve para preparar a superfície para receber as camadas de tinta. O Primer permite maior aderência da tinta além de ajudar a uniformizar a pintura, dando melhor acabamento. Na foto abaixo, você vê um modelador da ILMtrabalhando numa miniatura de B-Wing do filme Guerra nas Estrelas. Observe que a miniatura está toda pintada de cinza (Primer) e já está preparada para receber as camadas de tinta.

Depois de aplicado o Primer, os modelistas ainda dão uma outra lixada na miniatura com uma lixa bem fina, para que a superfície externa fique melhor.

O próximo passo é a pintura. Normalmente, os pintores de miniaturas usam revólver de pintura e compressor de ar, da mesma forma que os pintores de carros fazem. Se a miniatura é de pequeno tamanho ou é preciso dar detalhes na pintura, os pintores usam revólver de pintura menores, conhecidos como aérografos (para saber mais sobre aerógrafos, visite a secção de Pintura da MSFX).

Mas quando a miniatura tem partes de cores diferentes, os pintores usam a mesma técnica utilizada por pintores de carros. Eles "empapelam" os trechos que não devem receber aquela cor, ou seja, eles cobrem os trechos que não devem ser pintados, com jornal e fita adesiva (fita crepe) nas bordas do jornal, tampando este parte. Ou quando o trecho é muito pequeno, eles utilizam apenas fita adesiva. Depois de seca esta parte, cobre-se a parte pintada anteriormente e pinta-se então a outra.

Na figura abaixo, você pode ver os pintores da ILM "empapelando" uma miniatura de avião para o filmeAlways. Observe que ele cobriu um trecho com jornal e fita adesiva, já que naquele momento, não deveria receber esta cor. Veja também que o pintor está segurando uma foto de referência de um avião de verdade. Isso é importante, pois tratando-se de miniatura é importante que fiquem idênticas aos aviões de verdade.

Depois que a miniatura foi pintada, o próximo passo é pintura de uma ou mais camadas de verniz para proteger a pintura. Os vernizes usados são, geralmente, os mesmos usados na pintura de carros. Eles podem ser foscos ou brilhantes, dependendo do que é desejado para o visual destas miniaturas.

 

 

Como grande parte das naves em Guerra nas Estrelas era filmada tendo como fundo uma tela azul, as naves quase sempre eram pintadas com tintas que não refletiam muito e raramente brancas, exceto pelos Destróiers Estelares Imperiais. Assim, se as naves fossem pintadas com tintas que refletissem muito, isso criaria um indesejado reflexo azul, fazendo com que durante a composição (retirada do fundo azul por processos ópticos ou digitais), partes das naves parecessem transparentes. Esse indesejado reflexo azul (no caso das telas azuis) é chamado de "Blue Spill".

 

Para alguns episódios de Jornada nas Estrelas A Nova Geração - Deep Space Nine, foi preciso construir a miniatura da estação espacial Deep Space Nine. O modelador escolhido para esta tarefa foi Tonny Mininger. Depois de construído, o modelo foi pintado com tintas automotivas (para pintar carros) e depois é pintado em alguns trechos com tinta de outra cor (marrom claro) para parecer envelhecido, ou seja, "sujando" a miniatura para dar mais realismo.

 

No filme Força Aérea Um, o avião do presidente americano foi feito usando-se miniaturas. Um dos maiores desafios do supervisor de modelos David Jones, foi copiar o brilho do avião do presidente. O avião de verdade é polido a cada centímetro, já que um símbolo de poder dos EUA. Para conseguir o brilho característico, eles contrataram um pintor de carros especialista em Masseratis e Ferraris. O avião levou 2 camadas de tinta e uma camada de verniz, usando-se os mesmos tipos de tinta e de verniz usados para Ferrari. Depois foi polido por 72 horas. O resultado foi tão bom, que o estúdio onde seria filmado a miniatura teve que ser recoberto com cortinas pretas para evitar reflexos indesejáveis.

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