Existe Óleo Essencial Sintético?
- Presente da Terra
- 25 de abr. de 2019
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Junto com a exploração a partir de vegetais, cresceu também a indústria de sintéticos, significativamente nas últimas décadas. Desde que a aromaterapia nasceu na França, o termo passou também a ser utilizado para o uso de essências sintéticas no mercado. Isso é errôneo, pois como já foi dito, essências sintéticas não possuem a mesma constituição química de um óleo essencial natural e tampouco poderão dar os mesmos resultados terapêuticos. Na verdade um produto sintético pode sim ao invés de tratar, causar intoxicações ou resultados adversos como alergias. Para uso farmacêutico, somente os naturais são permitidos pelas farmacopéias. Exceções são alguns constituintes químicos isolados como a vanilina da baunilha, o timol do tomilho ou o mentol da hortelã pimenta. A principal diferença entre o produto natural e o sintético está na presença de certos princípios ativos. Para avaliar a constituição química de um óleo, ele é encaminhado a um laboratório para ser feita a sua análise por cromatografia.
Estima-se que um número muito grande de óleos voláteis disponíveis no mercado não mais apresentam sua composição original. Sabe-se que existe uma grande variedade de estratégias sofisticadas de falsificação e, dessa forma, torna-se difícil detectá-las através de métodos relativamente simples, constantes em obras de referência. Assim, ter cuidado na obtenção de seu produto é uma questão de responsabilidade, que deve ser verificada e levada a sério para que não haja prejuízos para a saúde. Mas, mesmo com estas dificuldades na diferenciação dos produtos, alguns fatores podem ser observados no ato da aquisição de óleos essenciais:
1o. Um óleo essencial jamais será vendido em vidro transparente, pois em contato com a luz ultra-violeta (UV) oxida-se com facilidade, perdendo então suas propriedades terapêuticas. Ao ser adquirido deve estar conservado em frascos de cor (âmbar ou azul por exemplo). Mesmo assim, temos encontrado uma grande variedade de produtos sintéticos sendo vendidos nestes frascos aqui no Brasil, até mesmo por seus custos serem menores. Atualmente porém, já existem frascos pet e outros materiais transparentes ou semi-transparentes com efeito anti-UV.
2o. Os óleos essenciais não possuem cores extravagantes como roxo, lilás, etc. Somente o óleo de camomila e poucos outros apresentarão a coloração azulada, pois em sua composição, encontra-se o camazuleno, o que lhe confere o tom azulado. Por outro lado a tangerina, laranja e orégano terão cor alaranjada, o pachouli, a casca de canela e o vetiver cor marrom e o cedro de Himalaia e a bergamota cor esverdeada. Nos outros casos, jamais se encontrará óleos com cores que vão além do transparente e do amarelo claro. Normalmente produtos coloridos o são pela adição de anilinas.
3o. Óleos essenciais não se dissolvem facilmente na água (são óleos). Se ao pingar uma gota, a água turvar-se de branco, isso é um indício de que o produto está diluído com polisorbato ou renex em água. O óleo natural não se dissolve, costuma boiar quando seu peso é menor que o da água, ou ir para o fundo. Mas também muitos óleos naturais e sintéticos têm sido adulterados com óleos carreadores e, portanto, apresentarão características semelhantes às dos naturais não misturando-se à água. Então para saber se o óleo está diluído com óleo mineral ou gorduras vegetais, pingue uma gota numa folha de papel. Geralmente em até 2 horas o óleo essencial terá evaporado todo, mas se tiver gordura, deixará uma mancha no papel. Há algumas exceções para óleos resinosos como a copaíba, o pachouli e o vetiver, que por serem muito viscosos ou conter resinas, acabam realmente marcando o papel após este tempo. Porém óleos muito finos e voláteis como a lavanda, a hortelã ou o eucalipto, não deixam marcas e se marcarem estão com gordura ou óleo mineral agregado como adulterantes.
4o. Produtos com cheiros alterados, com odor de álcool ou óleo de cozinha são produtos adulterados e devem ser deixados de lado, a não ser que sejam vendidos com uma finalidade específica, como uso na massagem, ou rotulados como diluídos, como acontece muitas vezes com os óleo de rosa e jasmim, que por serem muito caros, costumam ser diluídos a uma proporção de 10 ou 20% em óleo de jojoba, girassol ou germe de trigo para baratear seu custo, mesmo assim, jamais virá a custar muito barato como alguns sintéticos normalmente comercializados dentro do Brasil.
5o. Óleos naturais jamais irão custar o mesmo preço, pois necessitam de proporções diferentes de matéria-prima da planta para se produzir óleo, assim como, de acordo com seu país de procedência, possuirão preços de custo também diferentes (aí entram também taxas de câmbio, importação e exportação, vigilância sanitária, etc). Por exemplo, para conseguir-se 1 litro de óleo de eucalipto globulus, necessita-se aproximadamente de 30-50kg de folhas. Por outro lado, para conseguir-se a mesma quantidade em óleo de rosas (1 litro), gasta-se de 1 a 3 toneladas de pétalas, o que equivale a 1 hectare de plantação de rosas. Daí seu preço jamais vir a ser o mesmo que o de um óleo de eucalipto.
6o. Os óleos naturais costumam durar mais tempo na pele, quando empregados como perfumes ou quando utilizados na massagem, contrário aos sintéticos que não permanecem às vezes mais do que poucas horas. Esta é a grande diferença entre os perfumes franceses que utilizam também óleos naturais e os nacionais que usam somente essências sintéticas.
7o. Sempre que for comprar seu óleo, questione sobre a análise química, se o produto é natural e de onde provém. Quem trabalha com integridade coloca no rótulo do produto o país de origem, método de extração, data de envasamento ou colheita, parte da planta que foi empregada na extração e informações sobre quimiotipo, se tiver. Quanto ao penúltimo item, mostra-se extremamente importante saber-se qual parte da planta foi empregada para se produzir o óleo, pois se o extrairmos da casca da canela teremos maior intensidade em aldeído cinâmico (55-75%), um composto que pode queimar a pele (e que é mais útil como sudorífero e estimulante), enquanto no óleo extraído de suas folhas encontraremos mais eugenol (70-90%) (sendo um óleo também analgésico). Por outro lado, retirando-se o óleo de suas raízes, haverá altos teores em cânfora, que possui propriedades estimulantes na circulação, o que nestes casos diferenciará em muito as aplicações terapêuticas dos óleos desta mesma planta. Vale frisar também que existem muitas empresas que colocam o nome científico da planta no rótulo de produtos sintéticos comercializados como naturais, o que nos leva a ver que só o nome científico nem sempre identifica o produto como natural, mas permite saber, no caso de marcas de garantia, de qual espécie de planta foi produzido o óleo, já que alguns possuem marcantes alterações químicas conforme espécie e subespécie.
Estas são algumas diferenças básicas. Jamais se esqueça que, em se tratando de aromaterapia, qualidade é tudo! Por este motivo, é que chegamos a conclusão de que não existe óleo essencial sintético. Seria impossível se copia toda gama de componentes químicos existente num óleo essencial.
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